A Barba no Judaísmo.




Essa é uma pergunta que muitas pessoas fazem. É presente também no inconsciente coletivo daqueles que não conhecem o Judaísmo, também naturalmente presente no universo Judaico. Quando se fala em Judaísmo, logo surge na mente a imagem de longas barbas e cachos na lateral do cabelo. Qual a origem exata disso? Iremos tratar aqui nesse artigo, especificamente da barba , respondendo basicamente se a sua utilização é ou nãoum mandamento .
 Em Vaicrás 19:27 (levítico), temos o seguinte mandamento : “Não cortem o cabelo nas laterais e nem desconfigurareis o canto de vossas barbas.” Esse mandamento , antes mesmo de considerar interpretações rabínicas , nos indica duas coisas : Que a barba deve existir e a sua utilização é um mandamento. O que fica em aberto para uma discussão rabínica é exatamente a configuração da barba, tamanho e o que não se pode fazer com ela. O que fica muito claro e que não deve ser questionado é o fato da obrigação do uso. Um Judeu seguidor dos mandamentos ou aquele que busca seguir os mandamentos, não pode desconsiderar esse em específico. Ter a face lisa e raspada é uma fuga direta e explícita ao mandamento direto. A barba ser longa, crescer naturalmente ou ser curta é uma discussão de segundo plano , onde o mandamento já encontra-se sendo seguido . Adentrando o campo da tradição oral, Guemará, a palavra “destruição” é a tradução correta para o que seria cortar. Na verdade a palavra destruição é a tradução qualitativamente correta, levando a entender que a retirada total é a proibição, porém uma barba, mesmo que curta e mantida sob corte é o cumprimento do mandamento. Existem algumas autoridades Halachicas ,  campo das leis Judaicas , que consideram que cortar qualquer parte da barba , mesmo sem um instrumento como navalha, mesmo sem deixar o rosto liso é uma proibição. O Grande legislador e Sábio Maimônides indica que a proibição de se raspar a a barba é porque essa ação  era uma prática generalizada de vários povos idólatras. Dentro dessa opinião, inicialmente, algumas pessoas poderiam então considerar esse hábito dispensável, porém, o sentido da proibição é amplo, tem contexto espiritual e tem sua sustentação também dentro da tradição mística do Judaísmo, a kabalah.   
Ter  o rosto liso, além de ser uma fuga direta do mandamento é uma forma de lembrar, no campo do subconsciente coletivo, aquilo que por milhares de anos foi uma prática comum de povos que praticavam a idolatria. Essa lembrança, esse direcionamento da memória, pode ter efeitos negativos na “ambientação” do universo Judaico, externo e interno. A prática do Judaísmo requer também uma imersão ancestral, histórica e espiritual  e  se portar longe daquilo que por  milhares de anos fez parte do contexto do mundo Judaico é um distanciamento daquilo que se quer estar perto.
Uma outra justificativa fora do próprio mandamento é o fato de que o Judeu tem a obrigação de manter vivo o mandamento de D’us, essa é a missão primordial. Manter o mandamento vivo servindo, obedecendo e sendo exemplo para o próximo e para os filhos. O desprezo por um mandamento como esse é uma porta para que outros mandamentos sejam também desprezados e logo estaremos em uma prática que não terá nenhuma relação com o Judaísmo, como já vemos hoje em dia.
A real mística Judaica, inclusive que serviu de base para tantas invenções no campo da espiritualidade, indica que o uso da barba em consonância com os outros mandamentos é mais que um símbolo, é uma materialização de uma força de abundância em diversos aspectos, muitos deles apenas conhecido por aquele , D`us, que estabeleceu o seu uso.
A real mística Judaica nos informa que barba possui cantos específicos e a sua morfologia tem aspecto específico , dividido por setores (cantos) e cada um ligado a um aspecto da força divina.
Nossos irmãos, Mulçumanos , filhos de Ismael , que por sua vez é irmão de Issac , ambos filhos de Abraão, possuem o hábito de tocar a barba ao final de muitas orações e colocam a barba no meio de  um diálogo onde se quer prometer algo  garantindo que será realizado , algo como, “jurar pela barba” embora o sentido não seja esse.
O não uso da barba foi defendido principalmente no advento do Iluminismo na europa oriental, indicando que o uso seria algo como “fora de moda”. Uma pressão social sem nenhuma relação e/ou compromisso com a verdade. Muitos teóricos, inclusive do cristianismo, intencionalmente, como fizeram com várias outras práticas, argumentaram contra o seu uso , criando uma prática religiosa totalmente fora dos padrões espirituais praticados a mais de 4.000 anos , com a simples intenção de criar uma nova religião. Aqui lembramos que o Judaísmo não é uma religião, pois religião quer dizer religação e o Judaísmo nunca esteve desligado de D`us, Heshem.
Concluímos que a barba é um mandamento e que o Judeu deve usar barba. No Judaísmo temos muitos mandamentos e cada um com a sua importância. Desconsiderar um é desconsiderar todos.

Alexandre Brandão
Shemash Morej Sefaradi Bnei Anusim



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